“Fomos presenteados por Deus, com duas asas para voar: a da fé e a da ciência. Que não devem se separar.”
Na literatura de José Martins Silva, o cordel não caminha — ele voa com destino profético. Em Asas da Sustentabilidade, publicado em 2019, o autor ergue versos como quem planta árvores num sertão escatológico. A obra não é panfleto nem panegírico: é oração política, manifesto ecológico, testemunho de fé pública.
Ele não apenas escreve sobre a natureza: ele a defende com a Bíblia numa mão e a Constituição na outra, sustentado pelas duas asas que propõe: a fé e a ciência.
Asas da Sustentabilidade é mais do que uma junção de rimas: é teologia ecológica em estado de alerta. José Martins propõe o Cristianismo não como doutrina encerrada no templo, mas como consciência ativa sobre o planeta, um clamor pela Agenda 2030, mas com raiz espiritual e vocabulário sertanejo.
Ele alerta: sem a Asa da Fé, a Sustentabilidade vira discurso vazio. E sem a Asa da Ciência, a fé pode virar fuga da realidade. O equilíbrio está no voo conjunto, em nome da vida, da criança e da criação.
A obra nasce da terra vermelha do Piauí, mais especificamente de Baixa Grande do Ribeiro, um município emblemático do cerrado brasileiro e símbolo do conflito entre agronegócio e biodiversidade. É desse chão rachado, mas fértil de sentido, que o autor extrai seus versos.
A carnaúba, o bacuri, o besouro, a enxada, a Bíblia e a Constituição — todos ganham lugar nos estrofes, compondo uma paisagem onde palavra e planeta se entrelaçam.
A grande metáfora da obra é clara: a humanidade caiu porque tentou voar com uma asa só. Tentou salvar o planeta apenas com ciência, sem espiritualidade. Ou apenas com espiritualidade, sem técnica. O resultado foi a Torre de Babel moderna — um projeto global sem discernimento divino.
José Martins propõe um novo voo: não de colonização do céu, mas de regeneração da terra.
Asas da Sustentabilidade não é apenas para ser lido — é para ser vivido. É um convite à redenção ambiental que nasce da fé, mas deságua na ação. É cordel de quem não se cala, é canto de quem planta palavras como se planta mudas.
“Sustentabilidade exige Fé, Investimento e Sabedoria; para a salvação da humanidade, que se auto destrói dia a dia.”